À conversa com Miller II
Miller: Blogues... que coisa fantástica!! Pena que enquanto era vivo e deambulava pelas minhas páginas em Paris não tinha disto... que pena... que pena....
EU: Pois é Miller... terias dado um bloguista de primeira..
Miller: Isto do blogue é como um diário... não?
EU: mmm... podes dizer isso...
Miller: Espreitei o teu blogue (sabes aqui no inferno temos net a 666GB) e mais uns quantos donde sublinho um das gajas podres de boas, ou lá o que é...
EU: São demais... olha um destes dias hão-de vir tomar um café conosco...
Miller: A principal preocupação de um diarista não é a verdade, embora possa parecer que assim é, tal como a principal preocupação do artista consciente não é a beleza.
EU: mmm... mas a ideia de um blogue intimista, tal como um diário será a busca da verdade...
Miller: Caro amigo... repara que a beleza e a verdade são subprodutos da demanda de alguma coisa que está para além de ambas. Mas do mesmo modo que nos impressiona a beleza de uma obra de arte, também nos impressionam a verdade e a sinceridade de um diário.
EU: ...sim subprodutos... acho que percebo o que queres dizer... é uma ilusão... um diário, tal como um blogue é Maya... ilusão... mesmo quando pensamos que não... é isso?
Miller: Temos, ao ler as páginas de um diário íntimo, a ilusão de estarmos frente a frente com a alma do seu autor. Trata-se do carácter ilusório do diário, do seu carácter artístico, por assim dizer, tal como a beleza é o elemento ilusório da obra de arte reconhecida como tal.
EU: sim... sem dúvida Miller... um bom diário, ou um bom blogue intimista, dá-nos essa percepção artistica...
Miller: O diário tem que ser lido de modo diferente do romance, mas o objectivo é o mesmo: o autoconhecimento. O diário é, pela sua própria natureza, quotidiano e orgânico, enquanto que o romance é intemporal e convencional.
EU: Mas olha que o blogue já será um misto... um blogue será... digamos... um diário romanceado
Miller: Achas..? Na minha ideia penso que sabemos logo mais, ou julgamos saber logo mais, acerca do autor de um diário do que acerca de um autor de um romance.
EU: No sentido estrito do termo tens razão... mas um blogue intimista ou "diarista" os conceitos misturam-se, já não escreves só para ti como num diário clássico... mas partilhas ao mesmo tempo que verbalizas...
Miller: Acho que te percebo caro amigo... pois desta forma e quanto ao que realmente sabemos de cada um deles, dos autores, quero eu dizer, já é mais díficil dizê-lo: porque o diário não é em grau superior ao do romance uma transcrição da própria vida. Trata-se de um meio de expressão em que a verdade predomina sobre a arte. Mas não é a verdade. Não o é pela simples razão de ser a verdade o seu problema fundamental, a sua obsessão, por assim dizer.
EU: Sim... um romance é também uma trancrição individual... uma análise pessoal... essa busca obsessiva pela verdade está num blogue intimista como está num romance...
Miller: Sendo assim... tenho pena de não ter conhecido a blogosfera antes de patinar... porra...
EU: caríssimo... isso resolve-se... é uma questão de irmos falando no café do purgatório... e eu vou publicando as nossas aventuras lá em cima na blogosfera... parece-te bem?
Miller: Se me parece bem...? e ainda por cima trazes as "gajas podres de boas"??? Amigo que saudade... eh eh eh eh
EU: Está combinado... temos é que as convencer primeiro... a ver vamos...
Miller: Diz-lhes que vamos procurar não a verdade das coisas, mas uma expressão da luta dos autores por se libertar da obsessão da verdade...
EU: eu digo... aliás... elas vão ler... ;)
Miller: bem... o chifrudo já chama... tá na hora de queimar e esfolar mais uns quantos incautos... até amanhã caro amigo...
EU: ok... Miller... a gente amanhã fala outravez... fica bem... olha... pagas o chá?
Miller: pago... na boa... vá põe-te a andar!
EU: xau
Acompanha os diálogos com Miller: I
15 comentários:
A vida é o que fazemos dela. Seja romanceada ou em formato mais a cair para o digital do século XXI.
Aqui não se mente. Não se esconde. Caras talvez. Mas fica o resto. Não o corpo. Mas o pensamento imediato. Original. Puro. E duro...
Sem medos... sem voltas... é isso... a tal pureza da ideia crua... nua... tal como sai da boca.
Grande Nómada... tal como as palavras... nómadas...
Fc, aceito tomar o cafe contigo e com o sr Miller. Aliás, vai ser um prazer trocar dois dedos de conversa com um soberano da escrita erotica!!!! lol
Mas ha condições:
- não quero cha!!! Prefiro a minha bejeca
- nao se queixem depois das minhas caralhadas
Portanto se forem capazes de aguentar com uma gaja do norte, temos encontro marcado
bjs
Amiga...
És bem vinda!
E se não queres chá... bem... o mal é teu... mas sabes que lá no purgatório... a temperatura é alta... e o chá que lá servem... bem... é um chá... digamos... dos diabos!!! Daqueles de te levar a estados alterados de consciência... mas... uma boa bejeca bem gelada... também cai bem!
eh eh eh
Vou promover o encontro e logo te digo!
Adooooorei esse papo c/o Sr. Miller! Idéia fantástica p/expressar uma reflexão. Muito original e ainda por cima coerente!!! Parabéns! Ah, e falando em diário, digamos q seja mais uma "vivência"....rs
abraços
P.S.: Concordo c/o Sr. Miller..... esse universo dos blogs é simplesmente demais!
Eh eh eh...
És bem vinda á mesa do purgatório com ele... tenho a certeza que ele iria adorar...
Adorei... :D
Adorei... saber que foi por minha causa que voltas te á blogosfera (e pk outras familias pediram... lol) mas o que conta sou eu.. Afinal fui eu que te inspirei.. (ou inspiro)... lol
ainda nao li o blog todo, mas vou tentar faze-lo dentro em breve e comentarei...
Beijinhos..
Leiam Charles, Mr. Charles Bukowski. Um dos mais brilhantes aprendizes de feiticeiro de Mr. Miller.
Ou então Pedro Juan Gutierrez, outro mais contemporâneo mas que já caiu na repetição e na banalidade. Apesar de tudo, merecem leitura os primeiros livros deste escritor cubano contra-sistema, que, aliás, não é publicado na pátria cubana.
Gostei...Grande diálogo :)
Até parecia eu que estava ali a conversar com ambos... ;)
Já agora... pagas o...café? ;)
Até mais ler:) (*)
Insana...
De facto... aquela tua mensagem com o convite para te visitar... foi uma sincronicidade dos diabos...
Fui ao teu canto, estavas á porta, convidaste-me a entrar...
A principio fiquei surpreendido... não estava a espera de te ver ali... mesmo á porta...
Entrei... segui os teus passos... o teu cheiro inebriante obrigou-me a alcançar-te a mão... precisei de ajuda para te seguir, estava a ficar fora de mim... meio bêbado como quem sente a consciência a fugir...
Tu sorriste... doce
A serenidade do teu sorriso deu-me alento... deu-me calor no peito... quase posso jurar que senti que me apertavas a mão com mais força... mas também podia ser só desejo a falar...
Após o átrio do teu espaço conduziste-me a uma estreita passagem... com luz trémula como eu... entrei, sempre segurando a tua mão... a meio... estava escuro... cada vez mais escuro... não sei se eras tu que me esqurecias o caminho com teu doce odor... breu de tão negro que deixei de te ver, apenas sentia a tua mão e deixava-me guiar por ela... até ao fim do mundo pensei...
Paráste a meio... eu não soube... percebi a meio que me esperaste...
Não hesitaste... deixaste que meu corpo embatesse no teu, encostaste-me encostando-te... colaste a tua testa na minha e respiraste, cheiraste-me o rosto, o pescoço... tentei beijar-te... não deixaste...
seguravas os meus pulsos com grip de leoa...
aqueceste-me a perna ao colares-te a mim... desceste por mim... baixaste-me os braços...
mordeste-me de leve
subiste por mim...
empurrei-te agora... agora sou eu...
encostei-te á parede... e...
Casal Nómada
"Foder é a melhor cura pra ressaca." Charles Bukowski
;)
Um momento...
Oi...
Ainda bem que gostaste... quanto ao café... o espaço é apertadinho... terias que ficar ao meu colo... importas-te?
;)
Cada um cabe onde cabe...
Cabemos todos?
Casal Nómada
Cabemos
Enviar um comentário