sábado, 16 de junho de 2007

À conversa com Miller I











(foto: wikipédia)


EU: Que pena não termos sido conteporâneos... sabes Miller, acho que se te tenho conhecido teria entrado numa das tuas estórias... a sério que sim...

Miller: Se o dizes...

EU: A sério pá! Seria como o teu amigo Max... aquele que "fatal como o destino, já a dois passos do meu hotel, lá aparecia ele. Era um mistério. Surgia sempre de súbito, como que com a cabeça em avanço sobre o resto do corpo"...

Miller: É verdade... o meu amigo Max... já não me lembrava dele desde... olha desde aquele dia em que o tentei convencer a viajar... em que lhe pedia que olhasse o mundo como se fosse dele...

EU: Outra coisa... aquela tua ideia a de que todos nos estamos empenhados na luta pelo dinheiro, pelo amor, pela posição, pela honra, pela consideração e ate pela graça de Deus, e...

Miller: Sim, sim... em que conseguir-se alguma coisa em troca de nada parece ser o summum bonum.

EU: ...

Miller: Nao é verdade que costumamos dizer: "vai-te foder!" ?

EU: ... sim... é...

Miller: Estranha locução, não te parece meu caro?

EU: Sim... eu lembro-me do que disseste sobre isto... algo como será que é possível ser-se fodido sem dar também uma foda?!

Miller: Exacto... exacto... Mesmo neste domínio elementar da comunhão, prevalece a ideia de que uma foda é algo que se recebe em vez de se dar...

EU: Sim realmente... é algo que nos acontece um pouco a todos...

Miller: Ou se se insistir no outro lado da coisa: "Meu Deus, que grande foda lhe dei!" - então, a ideia de se ter recebido algo em troca não transparece... não te parece caro amigo?

EU: Sim... mas para ser sincero... julgo que não seja assim com todos... isso cheira-me a fanfarronice... conversa entre galos...

Miller: Não sejas ingénuo caro amigo... todos o fazemos, fanfarronice todos temos... ah ah ah...

EU: ... talvez tenhas razão...

Miller: Agora a sério... Nenhum homem ou mulher pode gabar-se de ter dado uma boa foda, a não ser que ele ou ela tenham sido também bem fodidos...

EU: ah ah ah... sim, sem dúvida... e não és tu português... se o tens sido brincarias com a língua como nenhum outro...

Miller: ah... ah... ah... talvez, talvez... Mas voltando atrás... à foda bilateral... se não for assim... é o mesmo que falar de foder uma saca de batatas.... não te parece?

EU: ...

Miller: E é precisamente isto que acontece na maior parte dos casos...

EU: pois é M... pois é... foder ou ser fodido por uma saca de batatas... não deve ser agradável...

M: sim... não é... bom... caro novo amigo.... até breve!

EU: até Miller... até!

2 comentários:

amélie poulain disse...

Pararam a meio de um corredor escuro e estreito...Se calhar não sabiam que so vocês eram os prisoneiros sonhadores daquele labirinto...Porque nem todos conseguem ver o labirinto... Nem todos consegue atravessar os caminhos que levam ao labirinto... Porque nem todos veem de olhos fechados... Nem todos sabem ler entre linhas.. Nem todos têm o olfacto apurado para sentir o doce arôma que vos abriu os caminhos do labirinto... Gostei muito Fred... Não do labirinto porque ainda procuro sair de uma pirâmida onde entrei à procura de um faraó.. Mas gostei.. gostei conhecer esta côr da tua aura.. Talvez seja porque tu páras no meio do trânsito caótico para enviar um beijo à lua...Porque se calhar também adoras sentir os pingos marotos da chuva quand se escondem no teu pescoço... Mas essa tua mão esposou perfeitamente o rosto do teu pensamento e soubeste nos levar até aquela casa... e quando te aproximaste do corredor ...nós... um dia saberás. beijos

Mercúrio disse...

Que comentário delicioso... Amelie